sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Deixem-me morrer

(Imagem: House M.D. 3x03: "Informed Consent")


Sou velho, já vivi demais
Pudera eu alcançar a morte
Seria um consolo,
Uma prenda que me negam
Trancafiado entre paredes brancas
Fios colam-se ao meu corpo
Levando mensagens irrelevantes
Para alguém que não se importa
Suporto, não sem algum rancor
Que a minha vida se esvaia
Pelos algodões manchados
Entre o vermelho vivo
(Que me mata enquanto me deixa)
E o amarelo excremento
(Que me apodrece antes de ir embora)
As cores que já não vejo
Pois a brancura dos meus olhos
Enclausurou-me em escuridão
Mas posso senti-las
E diferencia-las pelo odor
Vermelho arde nas narinas
Amarelo cheira a pulmões
Já castigados e maltratados
Sou velho, já vivi demais
Deixem-me morrer

Mateus Medina
30/09/2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

100 Fatos sobre mim (71 a 80)

71 - Eu adoro a série Harry Potter.


72 - O primeiro livro que li na vida - sem contar "coleção vagalume" - de livre e espontânea vontade, foi "Nada Dura para Sempre", do Sidney Sheldon.


73 - Toda vez que escrevo um conto eu rasgo/apago. Não tenho nenhum guardado. Eram todos uma grande porcaria...


74 - Vejo pintura com olhos de leigo e invejoso. Não entendo muito sobre o assunto, mas há pinturas que me emocionam.


75 - Eu quero uma casa no campo (mas é só pra passar uns tempos de vez em quando).


76 - Não me sinto confortável dando ordens.


77 - Não suporto gatos.


78 - Se eu dormir de tarde, provavelmente acordarei de mal-humor.


79 - Vatapá é a comida mais gostosa do mundo


80 - Só me considere tecnicamente acordado, depois de um cafezinho e um cigarro.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O cão e o tempo




Não tenho mãos para o tempo
Ele me escapa completamente
É preciso, é necessário, é urgente
Depois, vai-se tudo com o vento

Quando penso que já terminei
Há sempre mais… obrigações
Onde meu prazer, minhas canções?
Onde, a terra em que sou rei?

Corro contra o tempo. Irado!
Mas claro! Ele corre contra mim!
Chocamo-nos, explosão sem fim
De novo o cão, atrás do próprio rabo

Mateus Medina
28/09/2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

50 Perguntas que Libertam a Mente: Resposta nº 20

20. Você aperta o botão do elevador mais de uma vez? Tem certeza de que isso acelera o elevador?

Pergunta boba, não é? É claro que não!!! 

Esperem... pode ser uma pergunta dúbia, ou posso ser eu a forçar a barra e querer tirar "lições" e "ensinamentos" de tudo. Mas vou me aventurar.

Eu acho que a pergunta esconde um jogo psicológico do tipo:  "Quão impaciente você é na vida para ficar apertando um botão trocentas vezes?".


A verdade é que eu sou impaciente demais. Demais mesmo.


Eu piro e perco a esportiva se tiver que esperar meia hora no dentista, no ponto de ônibus, numa fila de trânsito... eu piro. Calma, não é pirar de bater, quebrar, ser ignorante... é internamente, é "aqui dentro". E a parte mais engraçada é "por que eu piro?".


Vai ter gente rindo, mas a verdade é que eu sou meio neurótico com "perder tempo". EU SEI que eu perco tempo de montão - é essa voz na minha cabeça, não esquentem -, mas eu não gosto.


Eu sou o tipo de pessoa que se pudesse não dormir e não sofrer as consequências - e eu já sofri muito - da privação do sono, não dormia. Dormir é uma perda de tempo.


EU SEI que tenho usado mal o meu tempo - dá pra parar de gritar aqui dentro? Eu tô respondendo uma pergunta pro Blog, que saco -, mas isso é outro capítulo da história.


No mais, eu sou ansioso ao extremo. Se eu sei que uma coisa "provavelmente" vai acontecer, seja uma que eu quero, ou que não quero, eu vou ficar na expectativa positiva/negativa até que esse dia chegue. Eu vou brigar comigo para me esquecer, e enquanto faço isso, passo o tempo todo lembrando...


Eu poderia escrever menos? Poderia. Mas não seria a mesma coisa - piadinha que só o pessoal de Portugal é capaz de rir.


Resumindo, eu não aperto o botão várias vezes, não sou idiota, né? Mas "psicologicamente" eu passo a vida apertando... e acreditem, no momento em que vos falo, estou mais de 70% "curado" se compararmos com 7 ou 10 anos atrás... ou seja, eu chego lá =)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cortejo fúnebre



Era um fúnebre cortejo
E quando de soslaio olho,
Adivinhas quem eu vejo?
Tu, em trajes incorpóreos

Um caixão ricamente decorado
Jubiloso, feito o sentimento
Que em meu coração desatento
Foi brotando sem ser disfarçado

Me aproximo com interesse
E o meu peito se aquece
Por qualquer razão desconhecida

Numa imensa gargalhada irrompi
Tantas vezes sonhei em ver-te assim
Deixando esta miserável vida.

Mateus Medina
16/09/2011

Poesia "Maldita"



Eu cheguei a escrever uma longa descrição sobre "Poesia Maldita", "Poetas Malditos", "Dark Poetry", mas... achei que ficou muito chato.

Apaguei tudo e resolvi apenas publicar esse post.

A intenção desse post é apenas "anunciar" que estou separando numa categoria diferente as "Poesias Malditas" que eu vier a publicar - e acho que umas 3 ou 4 que já publiquei também se enquadram nessa categoria.

Cheguei a pensar em criar um outro blog, separado desse, para publicar esse conteúdo mais específico, ideia que ainda não abandonei por completo, mas, a preguiça foi mais forte e eu pensei "sou eu o autor dessa porcaria toda, então vai tudo pro mesmo saco". Assim mesmo.

Quem está mais ou menos por dentro da minha história sabe que fiquei anos sem escrever nada, depois de ter perdido por inúmeras vezes vários trabalhos que eu não tinha nenhum "backup". Ora bem, eu sei que sou meio idiota, mas não é isso que vem ao caso. O que interessa é que eu sempre escrevi "dark poetry", que é algo bem específico, com todo o seu cinismo, ironia, maldade, pessimismo, exagero, sangue, mais sangue...

Quando voltei a escrever e ao mesmo tempo criei esse blog, me impus o "desafio" de não publicar nada antigo, do pouco que me restou. TUDO aqui era inédito na época da sua publicação. E eu tenho umas "poesias malditas" antigas ainda. Poucas, mas tenho.

Como não tinha ainda me aparecido nenhuma "poesia maldita" na mente, fui apenas publicando-as juntas, sem qualquer separação de categoria ou estilo. Agora resolvi "ajeitar" as coisas, porque vou passar a publicar também as "poesias malditas" que voltaram a fazer parte da minha composição =)

Àqueles que me lêem, espero que não se assustem. Algumas poesias nesse estilo são verdadeiros contos de terror, que a minha falta de habilidade para contos não permite redigir, então, eu "poetizo-os" e pronto, está feito o meu "conto" de terror, que eu tanto gostaria de ter talento para escrever, mas não tenho.

Há personagens realmente "malditos" no meio disso tudo. Aliás, eu creio que todas as minhas poesias são baseadas em personagens, apenas não são prosas... são poesias rsrsrsrs

Algumas poesias podem ser "dark" sem nenhum dos componentes que citei mais acima. Até podem ser mais "dark" que uma que tenha todos os componentes citados, mas, eu as entendo (as "poesias malditas") numa "categoria" seperada, portanto, a partir de hoje elas estarão separadas, até que eu resolva criar outro blog - ou não.

Mais uma vez, não se assustem... ou se assustem, sei lá... tanto faz...

Mateus Medina
26/09/2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

20 Anos de "Nevermind" - Nirvana



Amanhã, dia 24 de Setembro, fará 20 anos do lançamento de "Nevermind", um álbum que mudou a história do Rock. Isso é um fato.

Tudo o que vem a seguir a isso é bastante discutível, e como eu não sou "partidário" de nenhum gênero musical (e aí alguém pode pensar "mas você não é metaleiro"? Não, eu não trabalho com metais, e o metal é apenas o gênero musical que reúne o que aos meus ouvidos, soa como música de melhor qualidade. Ponto.), não pretendo deambular por esses terrenos, embora quando se fale de Nevermind / Nirvana seja praticamente impossível não tocar em certos assuntos batidos, clichês mesmo...

Quanto o Nirvana lançou Nervermind, o cenário do Rock estava vivendo um momento de desgaste tremendo. Nevermind foi uma "lufada de ar fresco" e uma mudança de rumos.

Eu concordo quando se fala que "atrás de Nevermind" veio um caminhão de porcarias, se denominando ou sendo denominadas de "Rock Alternativo". Aliás, eu não gosto de quase nada "alternativo". Não concordo é quando CULPAM Nevermind por isso. Aí eu fico "zangado".

Nevermind é um álbum sensacional, fora de série e histórico - pode espernear a vontade, eu não ligo -, pelo simples fato de ter mudado as coisas como mudou, de ter reunido 12 canção impossíveis de serem puladas, qualquer uma delas, desde a mais conhecida "Smells like teen spirit", até "Territorial Pissings", passando pela "engraçadinha" (hein?) "Polly" e ter vendido 30 milhões de cópias.

É verdade, Nevermind é POP, e isso "dói" em alguns corações. Já doeu no meu quando eu era adolescente, hoje a minha perspectiva - GRAÇAS A DEUS - mudou bastante.

Como é que um álbum barulhento, de letras confusas, provocadoras e irônicas, que tem um vocalista que berra versos sujos pode ser POP? Mas foi, e tem a ver com a conjuntura da época. Aliás, os responsáveis por Nevermind ser POP são, em sua maioria, os que eram ali criticados (que ironia, não?).

A primeira vez que ouvi Nevermind eu pirei completamente. Eu tinha por volta de 12 ou 13 anos e foi mais ou menos na mesma época que ouvi "Appetite for Destruction" do Guns, "Heaven and Hell" do Black Sabbath e "Schizophrenia" do Sepultura.

A verdade é que para mim, naquela época, tirando o Black Sabbath que eu percebia bem a diferença - embora não fizesse ainda a ideia completa -, era "tudo Rock", e ponto. Depois eu viria a "eleger" o metal como o meu gênero de música preferido, entender melhor as diferenças monstruosas que separam esses álbuns, mas na época a única coisa que eu sentia era que "Troops of Doom" mexia tanto comigo como "Smells like teen spirit", que é por acaso a primeira música de Nevermind, e que abre o álbum como um riff nervoso e grudento (característica marcante do Nirvana), que entrou de cara para a história do Rock.

Nevermind é debochado, troça de uma geração deslumbrada pelas maravilhas do consumismo e que se esquecia do mais importante. De uma geração de rótulos, que ignorava o conteúdo e perdia grande parte da sua capacidade se uniformizando. Quanto mais igual, melhor.

Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic entraram de sola nisso tudo com Nevermind. É claro que Kurt tem um protagonismo notável aí, com as suas letras e melodias grudentas, no entanto foi esse conjunto que veio a consagrar Nevermind como um dos melhores álbuns de Rock da história - você ainda está esperneando? Ah, para vai...

Trata-se de um álbum delicioso de se ouvir, numa mistura completamente alucinada de Punk, Rock setentista (pouco), alucinações, deboche, guitarras (muitas guitarras!!!) e melodias grudentas e fáceis. É um álbum cheio de energia, que nos ligava imediatamente à tomada assim que apertávamos o play ou (os que foram mais felizardos que eu e ouviram o álbum em vinyl) se colocava a agulha no bolachão preto...

Eu não poderia então, deixar de prestar a minha homenagem e deixar aqui o testemunho de como esse álbum fez parte da minha vida. Embora não o ouça há muito tempo e tenha me distanciado bastante desse tipo de sonoridade, Nevermind continua a ser, 20 anos depois, um álbum diferente, vibrante e que merece todo o meu carinho e respeito.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Costurando feridas



Tenho buscado fervorosamente
Uma agulha, que tudo costure
Esqueço-me com pressa indecente
É da linha, para que perdure

Talvez falte habilidade
Para as minhas grossas mãos
Talvez haja alguma verdade
Na voz que ignoro então

“ – Costure as tuas próprias feridas
E deixe que sare as alheias
Não há outro caminho na vida
Que possa salvar estas veias”

Talvez seja simplesmente
A cínica ironia da vida
Que devemos aceitar

Esperar em agonia crescente
Que cicatrize a tua ferida
Já que não te posso curar

Mateus Medina
21/09/2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre a inquietude e outros monstros



A inquietude me cutuca. Hoje mais que habitualmente.

Desde o momento que abri os olhos, meio zonzo e com a cabeça um pouco mais pesada, esse “bichinho” tem me mordido sem parar. Meu coração que o diga.

Na verdade, o meu primeiro impulso foi combater essa inquietude, continuar quieto e a dormir, mas o dever insistia em me chamar, e por mais esforço que eu faça para não o escutar, a minha maldita noção de dever não me abandona, talvez por um receio muito pessoal de repetir erros que vi e com os quais convivi, de perto demais para que os possa olvidar. Não posso. É preciso levantar, se vestir e correr para o trabalho, já estou atrasado.

Já vestido e pronto para a “batalha”, continuava inquieto – e continuo no preciso momento em que escrevo. A inquietude é um monstro que vive dentro de mim, com o qual aprendi a conviver, e creio que até aprendi a domar, para o bem da minha sanidade mental.

O problema é que como tudo tem dois lados, também a inquietude o tem. Se por um lado nos baralha, nos confunde e nos exorta por caminhos nebulosos e precipitados, querendo abarcar o mundo e tudo ter ao mesmo tempo, também nos chama atenção para os falsos caminhos de tranquilidade que traçamos para as nossas vidas, para as metas que vão morrendo de fome pela estrada, por falta de serem alimentadas.

A inquietude é inimiga secular do conformismo. Estão em guerra constante se ocupam o mesmo espaço, e qualquer espaço é pequeno para esses dois enormes monstros…

O desejo de dar ouvidos a inquietude é grande, e nesse momento, julgo que até seria benéfico, porque ela tem apenas me mostrado que nos últimos tempos a minha vida tem perdido autonomia para a acomodação, que é outro monstro que também vive aqui dentro, dividindo espaço com outros tantos.

Não há espaço para tantos monstros dentro de uma pessoa. Monstros brigam, se esfolam, se matam e revivem. E quando o fazem, retornam ainda mais fortes que antes.

Para o bem da convivência pacífica e equilibrada de todos os monstros, algum deles terá que partir.

Mateus Medina
21/09/2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A poesia é...



A poesia é tudo
E no entanto é pequenina
É som, é gesto mudo
Os olhos de uma menina

A poesia é bela
Mas pode ser feia e feroz
Palavra que pinta uma tela
Punhal que mata; algoz

A poesia é tristeza
Mas é também alegria
Realidade dura e tesa
Sonhos, ternura e magia

A poesia é amor
Mas pode ser indiferente
O brilho do sol numa flor
Aquela que nada sente

A poesia sou eu
E pode ser um qualquer
Tudo aquilo que é meu
E tudo o que não é

Mateus Medina
20/09/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

100 Fatos sobre mim (61 a 70)

61 - Eu falo palavrão pra car**** (e só coloquei asteriscos pra ser simpático e não ofender olhos sensíveis). Mas, sempre em ambientes que comportam esse tipo de comunicação sem stress.

62 - Ser vítima de uma injustiça e/ou saber de alguma, sem poder agir, me deixa doente. De verdade.

63 - Eu deixo sempre um resto do que estou bebendo no copo/caneca. Pode ser café, sumo, seja o que for. Fica sempre um restinho no fundo...

64 - Eu sou fera no gamão *-*

65 - Acho 99,99% das crianças IGUAIS quando nascem. Quase todas têm cara de joelho. Há poucas exceções. Umas são bem feias, outras (raríssimas) nascem lindas. Segundo consta, eu fui uma dessas raríssimas exceções *-* 
Com meus próprios olhos, só vi 4 crianças que achei LINDAS assim que nasceram.

66 - Acho U2 o supra-sumo da chatice galáctica... e ponto final.

67 - Os três melhores jogadores de futebol que eu vi jogar foram: 1º Romário - 2º Maradona - 3º Zidane

68 - Adoro ficção científica. Livros, filmes, séries, quadrinhos, "causos"... qualquer coisa.

69 - Sou um entusiasta da evolução tecnológica, embora ache que esta evolução toda não tem sido utilizada, em alguns casos, da melhor maneira,  (Você vai se surpreender com a próxima)

70 - ADORO discos de vinyl, ou os famosos "bolachões", como queiram. Pretendo começar uma coleção assim que tiver grana. (Não falei que ia se surpreender?)

"A Solidão dos Números Primos" - Quando o cinema estraga um livro



Não é novidade que o Cinema estraga livros desde sempre. O penúltimo "estrago" que vi foi "Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2".

Até certo ponto, o filme parecia manter a fidelidade ao livro, e de repente descambou, ficou "morno" e chato.

Como eu sou fã de carteirinha, me custou a admitir, mas, admito aqui. Pronto.

No entanto, não é disso que quero falar agora, é de "A Solidão dos Números Primos", o primeiro e F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O livro do escritor Italiano, Paolo Giordano.

Esse livro foi um dos que "escolhi pela capa". Como já disse, não julgo um livro pela capa, mas uma boa capa consegue me chamar atenção o suficiente para comprar um livro. Foi esse o caso.

(A capa de edição que li)

Eu e a preta somos sócios do "Círculo de Leitores", e todos os meses escolhemos pelo menos um livro da revista que recebemos. Deve ter pouco mais de um ano que escolhi esse pela capa, e não me arrependi. Pelo contrário.

O livro conta a história de Mattia e Alice, começando pela infância e os acompanha até a idade adulta.

Justamente na infância, eles passam por traumas que vão marcar as suas vidas para sempre.

Individualmente, Mattia e Alice são seres humanos com traumas enormes, que vivem limitações terríveis em suas vidas por conta desses traumas. Alice torna-se anoréxica e Mattia, um verdadeiro gênio, esconde-se nos estudos e dentro da sua doentia cabeça, enquanto mutila-se fisicamente e psicologicamente.


O livro é bárbaro, e não tenho qualquer adjetivo que não seja exagerado para lhe dar. É um livro que trata de emoções humanas, que são reais e sofríveis, e que muitas vezes existem bem ao nosso lado, mas que são difíceis de compreender e até identificar. É mais fácil "rotular" de "freak". Trata de desencontros e silêncios. Trata de amor, mas de uma maneira bem diferente da habitual.


Cada página é de uma sensibilidade ímpar, e você não consegue parar enquanto não devora o livro todo, se emocionando junto com aquelas criaturas que são "números primos", que passam a vida juntos sem poderem se tocar...

A maneira como o autor nos transporta para a mente das personagens é tão simples e natural, que a história parece realmente se desenrolar ali à nossa frente. A estranha relação de Mattia e Alice é dissecada com uma carga de realidade poucas vezes vista... Mattia principalmente, é uma personagem de carga emocional e dramática fortíssima (não que Alice não seja, mas eu a sinto "superar" as coisas melhor que ele)... é impossível ficar indiferente ao sofrimento que ele se impõe ao longo do livro.

Com certeza uma das 10 melhores obras dos anos 00's. Imperdível.

Não vou "spolear" muito, porque se alguém se interessar em ler, eu garanto que não vai se arrepender.

A questão é: NÃO VEJAM O FILME antes de ler o livro - e se não quiserem ver depois, não faz falta...

Os atores estão ótimos, principalmente o que faz o Mattia na fase intermédia (são três fases passadas no filme, a infância, a adolescência e a fase adulta). No entanto, nem só de atuações vive um filme.
A fotografia do filme chega a ser ótima em algumas passagens, e exagerada em outras.

A música do filme começa bem, e de repente, sai do contexto e depois se repete, e repete... Mas, é a edição que consegue estragar verdadeiramente o filme.


"Picando" as ações do livro, eles conseguiram estragar a obra, que é contada de forma linear, embora "volte" algumas vezes em lembranças das personagens, mas de maneira a nunca perdermos o fio da meada, o que não acontece no filme, infelizmente... Se alguém não leu o livro e vê o filme, provavelmente não sentirá vontade de ler - isso se terminar de ver o filme...

Além disso - o que para mim é mais grave -, deixaram de fora alguns momentos extremamente marcantes do livro, e fizeram um final... ridículo. O final do filme insinua justamente o oposto do livro. Ou assim pareceu a mim e a todos que viram o filme comigo...


Quando fiquei sabendo do filme, imaginei que pudesse ser assim. Eu sabia que seria um grande desafio para o cinema, traduzir tanta sensibilidade e confusão... mas poderia ter sido muito melhor.


"A Solidão dos Números Primos" não é uma obra que "peça" uma adaptação cinematográfica, pelo contrário, estaria melhor sem ela.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nunca sabemos


Nunca sabemos
Quando uma ventania
Nos vem arrancar o teto
Desnudar nossa moradia

Nunca sabemos
Quando se revelará
A nossa negra parcela
Que tudo conspurcará

Nunca sabemos
Quando a areia à nossa frente
Vai de segura a movediça
E nos afunda, dementes

Nunca sabemos
Quando a morte ceifará
O frágil sopro de vida
Para então… recomeçar.

Mateus Medina
16/09/2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Contente(-se)



Na busca da perfeição, te perdes
Queres tudo e pouco tens
Olhas para trás, pouco vês
Olhas para frente, estás inerte
O que há mais para sorver?
Queres tudo. Sempre.
Abarcar o mundo
Sugar sua insolente alma
É preciso ter calma
Respirar o poluído ar
Não há montanhas
Não há entranhas
Há apenas o que há
Frustrações levam às lágrimas
Não podes chorar, é fraqueza
Não te permites ser fraco
Não podes ter incerteza
O caminho que segues, tua escolha
Aquilo que és, realmente
Contente-se com isso, contente
É tudo que tens pela frente
(E isto é bom.)

Mateus Medina
13/09/2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Foi. Será?



Enquanto se corre
Atrás do pão de cada dia
Cada dia se torna mais distante

Não se vive o caminho
Sem rumo se caminha
A fantasia já não é como antes

Alimenta-se as dores
E os odores enfraquecem
O passado é um vapor que some

Não se lembra da ferida
E novamente padece
O futuro é apenas um clone

Esquecido no presente
Com as pernas dormentes
A mercê do “foi”. “Será”?

Caminho longo pela frente
Atrás estrada renitente
E do agora, o que é que há?

Mateus Medina
13/09/2011

50 Perguntas que Libertam a Mente: Resposta nº 19

19. Se você tivesse que mudar de estado ou país, para onde iria e por quê?

Eu já fiz isso, e foi meio "por acaso", já que não foi planejado por mim, acabei fazendo isso para "mudar de ares" e "experimentar".

Mudei de país. Saí do Brasil e vim morar em Portugal. Agora no dia 30 de Setembro essa mudança completará 7 (sete) anos. (E parece que foi ontem)


Hoje, nesse exato momento em que vivo, não tenho vontade de mudar para nenhum outro lugar. Estou contente onde estou, com todas as "dores e delícias" (by Caê) de qualquer lugar do mundo... ainda não explorei, mesmo depois desses 7 anos, nem 10% das maravilhas de Lisboa, que é uma cidade fantástica...


Já mencionei em outra pergunta a minha "fissura" na Holanda, Amsterdã mais concretamente, coisa que nem sei explicar racionalmente, no entanto, não sei se me daria bem morando lá, não é algo que eu deseje, pelo menos conscientemente.

Londres é uma cidade que talvez eu gostasse muito de viver, SE, e apenas SE, não fosse "eternamente cinza". O frio não me incomoda, eu até gosto, mas, dias cinzas me deixam péssimo, e 300 dias cinzas por ano, só se fosse pra eu me suicidar rsrsrsrss

Acho que viveria bem em Barcelona, Sevilla, Roma, Florença, Colônia, Berlim...

 E há muitas outras cidades que eu poderia citar, espalhadas aí por esse "mundão véio sem porteira", que eu poderia viver muito bem, se tem um aspecto em que eu sou "camaleão" é esse. Eu me adapto tranquilamente a esse tipo de situação, e rápido. No entanto, pelo menos por enquanto...já mudei, e não quero mudar mais rsrsrs

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A minha casinha



Lá nos montes há uma casinha
Que fica tão longe e tão perto
Onde mora a felicidade minha
Não lembro é o caminho certo

Faz tempo que de lá saí
Achando que ia ser capaz
De encontrar mais por aí
Mas, nada me satisfaz

Da minha casinha estou longe
Apartei-me de mim mesmo
Ela brinca comigo e se esconde
Vou vagando no mundo; a esmo

Mateus Medina
12/09/2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Não me esqueças

("Vergissmeinnicht", que significa "não me esqueças", é uma flor que está presente no Folclore Alemão.
É também um dos símbolos do mês de Setembro)


Eu tentava alcançá-la
No momento em que cai
Para sempre irei amá-la
Não importa o que há de vir

Diga a todos porque me afoguei
“Não me esqueças”, aceite esta flor,
Enquanto a tiveres, viverei
E viverá também o nosso amor

Deus já havia a todas nomeado
Quando esta pobre flor lhe gritou
Virou-se, ouvindo imenso brado
“Não me esqueças”, disse ela e azulou

“Será este o teu nome”, disse Deus
Desde então, nada mais foi como antes
“Não me esqueças”, é a flor do adeus
É o símbolo maior dos amantes

Mateus Medina
01/09/2011